É quase tão difícil deixar um emprego como acabar um relacionamento.
Nos relacionamentos podemos adiar duas semanas e atenuar os sinais de descontentamento e a urgência de findar o relacionamento. Não precisamos de elaborar um discurso formal pois o outro apercebe-se das nossas intenções nessas duas semanas em que as disfarçamos.
No labor, quando já temos o novo amante agendado para a segunda-feira seguinte, é-nos imprescindível elaborar um discurso que diga, sem rodeios, "quero terminar tudo, arranjei outro".
Quanto às perdas sentimentais que se tornam reminiscências passado algum tempo: no amor, ficam as deambulações e as discussões; no labor ficam os almoços no restaurante A Travessa junto ao Tejo e o cheiro a madeira envernizada da secretária.
Amor e labor aparecem de mãos dadas, apresentando mais similaridades do que seria de esperar.
Basta-nos pôr um L atrás de Amor e trocar o M por um B.
sábado, 5 de julho de 2008
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2 comentários:
boa tarde, cara teresa.
gostaria de a felicitar pela bela analogia que efectuou entre esses dois conceitos, tão fulcrais nas nossas vidas.
já o seu querido sigmund freud e o meu sábio avô, cuja vida foi inteiramente dedicada ao cultivo de batata-doce, diziam:
"o amor e o trabalho são os alicerces do nosso humanismo."
cumprimentos do seu amigo,
umbigo
E que pertinente foi, Doutora Teresa, como nos tem´vindo a habituar desde 1972.
Deixe-me que lhe diga, porém, que o facto de ser necessária uma elocução formal, curta, directa, enfim, laboral, maquinal no findar do labor facilita muito mais a tarefa relativamente ao findar do amor, já que neste caso é difícil uma formalidade e que fáceis são as formalidades, doutora, terá de concordar.
Eu, então, doutora, sou exemplar de findares mil de labores mil e com que facilidade me despedi.
Um bem haja e olhe, que me fose tão fácil terminar desamores como me é terminar labores. Se assim fosse não me importava de começá-los... aos amores, bem entendido!
Beijinho!
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