sábado, 17 de maio de 2008

Sessões transcendentais I

Saudações Doutora Teresa.

Leio atentamente o seu blog e como tal acedi à sua proposta de lhe enviarmos as nossas conturbações psicológicas... ainda que seja difícil, confesso.
A minha conturbação é estranha ... sinto apoderar-se de mim com rigor, de dia para dia, com maior intensidade de manhã. Consiste em dizimar pessoas que noto estarem contentes, sobretudo quando o tempo está ameno. Nestes dias chuvosos não sinto essa tendência tão vincada...o vento desorienta e a minha figura franzina facilmente se deixa levar por aragens mais fortes.
Bom, continuando, os indivíduos costumam ser jovens, situados ao ar livre, sozinhos ou acompanhados e dizimo-os com uma marreta que certeiramente lhes bate na parte de cima da cabeça matando-os de imediato.
Das várias vezes que contei aos meus amigos eles não acreditaram, o que me impressiona ainda mais. É verdade que os corpos dos dizimados não foram noticiados e é um costume meu ler jornais e ver televisão...A polícia não me prendeu nem veio procurar-me, o que creio dever-se ao facto de eu ser invisível, condição que permite que as pessoas não tenham oportunidade de reflectir antes de serem dizimadas...

Bom...creio já ter exposto o suficiente...aguardo o seu comentário ou esclarecimento...

Soares

Bom, parece-me que o Sr. Soares padece de três sintomas que formam em conjunto uma patologia sintomatológica rara.

Em primeiro lugar, deverá recordar as suas experiências de infância pois parece existir um recalcamento em relação à felicidade que acaba por resultar num comportamento de transgressão.
O Sr. Soares demonstra uma acentuada tendência para o abismo.

Outro dos seus sintomas é a invisibilidade. Indivíduos que padecem de invisibilidade têm uma propensão genética para se deixarem afectar por esta patologia, mais ou menos a partir dos 25 anos quando entram na idade adulta. Corrija-me se eu estiver a mentir e se por acaso a perturbação começou na adolescência.

Noto ainda algum cepticismo por parte dos seus amigos em relação aos seus feitos. Há que realçar que esta patologia é marcada por um afastamento e abnegação das relações humanas de carácter emocional com os outros, isolando o indivíduo e conduzindo-o a uma espiral de dor e sofrimento marcada pelo sentimento de que não se é compreendido.

Assim, recomendar-lhe ia psicoterapia grupal com indivíduos com perturbações semelhantes. Aqui na psicologia não gostamos de rotular os pacientes por isso pergunto-me se será necessário ou relevante revelar-lhe o nome técnico da sua patologia.

Para reduzir a invisibilidade, aconselho o uso de indumentária colorida pois poderá contribuir para o apaziguamento da patologia, e para um crescendo das interacções sociais permitindo-lhe ter uma vida normal. Deverá ter em conta que seria bom evitar prolongar-se em parques e bosques, evitando aperceber-se de pessoas felizes à sua volta em tempos amenos.
Deve aproveitar o Inverno, os dias frios e chuvosos para fazer a sua vida normal, já que não sente o impulso vital nesses dias.

Uma das estratégias poderá estar ainda em fazer terapia em cidades nórdicas como Londres, Estocolmo ou Oslo.

Espero ter sido concisa e ter ajudado.

2 comentários:

Anónimo disse...

Hmmmm, que indivíduo tão estranho...invisível...desconhecia essa patologia. Esse assassino devia estar internado. Acho que agora os hospitais detectam a invisibilidade com um sistema próprio, não querem é ter trabalho, enfim.

Anónimo disse...

é uma vergonha a doutora teresa não ter comentadores á altura!
quer tudo o bem bom dos posts fáceis e fúteis e deixam de lado assim uma tão grande profissional de saúde como é a doutora!
isto é inacreditável!
até tenho a impressão que a dra se desiludiu com este mundo de indivíduos reminiscentemente adormecidos para o que são os seus problemas fundamentais!
quem não le a dra teresa perde muito, leiam o que vos digo!
deixe-me que lhe diga, dra doutora, a doutora está a dat pérolas a porcos!
este caso, por exemplo, da invisibilidade, foi deixado completamente de lado pelos leitores! já só se interessam por...enfim...por visibilidades não transcendentais!
ó dra...quem precisava agora duma consulta era eu, aposto!, estes leitores adormecidos, todos! parvos!